Escrita do meu irmão, Zezé.
Hoje meu irmão estaria fazendo 84 anos, voltou para Deus, há dois anos, deixando em mim muita saudade.
Remexendo nos escritos de papai, encontrei esta crônica que o Zezé, escreveu em 1953, no dia de seu aniversário e deu tanta saudades dele, que resolvi postar aqui este texto, para que as pessoas que o conheceram possam se deliciar com uma de seus escritos e este ele escreveu e só tinha 21 anos.
Que saudades meu irmão, quanta falta você faz, saudades das nossas conversas, de ouvir suas histórias, de ouvir seus sonhos, que saudades meu irmão, um beijo grande em seu coração e olhe por nós daí do céu, com carinho de sua irmã, Maria Teresa.
"Lá no fim da rua vinha um acorde
se uma velha valsa.
Caminhei e deparei com um
espetáculo que me fez relembrar o passado.
Quando criança presenciei um Velho
Realejo, que com sua máquina tirava várias melodias e em sua volta moças e
rapazes o cercavam e por alguns níqueis ou vinténs, era sim que era tratado o
dinheiro naquela tempo, recebia das mãos do Velho Realejo, uns papeizinhos
escritos, era a tal sorte.
E agora depois de muitos e muitos
anos venho encontrar-me diante de um Velho Realejo, tão velho quanto sua peça.
Ao virar aquela velha manivela o
ar se enchia de acordes maviosos.
Moças e rapazes compravam aqueles
bilhetes pelo preço de CR$2,00 e sonhavam, sonhavam com o futuro grandioso,
belo e cheio de felicidade.
E reparando na fisionomia do
velho pensei, talvez ele que vendia naquele momento ilusões, talvez quando rapazola,
por alguns níqueis tivesse também comprado um daqueles bilhetes que agora
vendia.
Talvez tivesse sido um sonhador e
agora vendia sonhos e ilusões.
Ilusões, castelos construídos
sobre areias que ao menos sopro do vento desmoronava-se.
Retirei-me pensativo, pois a vida
é cheia de ilusões, mas quando temos de enfrentá-la vemos aí a realidade.
Caminhei para longe daquele Velho
Realejo, do som daquela valsa, perguntando a mim mesmo, que sonhos tivera
aquele sonhado, aquele Velho Realejo?
E é a você Velho Realejo
sonhador, vendedor de ilusões, que lhe dedico este boa noite!
José Maria de Brum, 11 de Outubro de
1953.
Linda homenagem e que carta linda ele escreveu! bjs, chica
ResponderExcluirQue o seu querido irmão descanse em paz.
ResponderExcluirMaravilhosa a sua homenagem.
Beijinhos
Maria
Que lindo Maria Teresa.
ResponderExcluirA sua família pelo que vejo são todos escritores.
Bjs amiga
Carmen Lúcia.