Os teus madrigais! de Luiz José de Brum, meu querido e amado pai.

Os teus madrigais!

   de Luiz José de Brum,

       escrito na década de sessenta, logo no início.

"Meu jovem uma só vida tens

da existência as horas matinais

guarde-a como o melhor dos teus bens.

É hora de seus madrigais

use-a bem, namore com lealdade.

Para que não haja vazio ou tristeza

depois do acaso da vida chegado

mais doce e poética saudade

e o teu achado, a tua amada

a queres, amando-a mais e mais.

Mais por seus dotes espirituais

e muito por sua ternura

e muito mais por sua honestidade

acumulando um tesouro estais.

Então no acaso com teus membros lassos

e da vida levando cansaço

pode este tempo feliz relembrar

e com ternura recontar

Recontar, recontar...

Mas se em teus olhos tem a cobiça

e com paixão entras na liça

terás muito da vida a lamentar

pois a paixão é como um fogo

que tudo queima, tudo destrói

e como um ácido tudo corrói.

não deixando nada,

para com a saudade ficar

não seja tolo ou insensato

pois o tempo corre, esvoaça

sem poesia, a velhice chega

pesada e sem graça...

Aproveite, pois enquanto é tempo

acumule agora o teu tesouro

agora em teus madrigais

como harmonias musicais...

Com amor e firmeza

com poesia, que é música, que é flor,

que é sonho, que é pureza,

que é encanto que é odor,

mas também é certeza

então quando da vida o sol se esconder

em últimos raios, ainda encontrará beleza

e da saudade, o néctar, poderás solver

com coragem e nobreza"! 
    de Luiz José de Brum